JANEIRO BRANCO - A aposentadoria e a importância de uma preparação adequada


Para encerrar o Janeiro Branco, esse período proposto para uma maior reflexão sobre a importância da saúde mental em nossas vidas, optou-se pela abordagem de um tema de grande relevância, porém, comumente negligenciado: A aposentadoria e a importância de uma preparação adequada para esse evento.

               É comum observar que o trabalho geralmente ocupa um papel central em nossas vidas. Dedicamos a maior parte de nosso tempo a ele, organizamos nossas atividades em torno dele, nos identificamos através do mesmo. Influencia na definição dos papéis que desempenhamos em nossa sociedade, na nossa família e impacta profundamente na forma como vivemos, assim como muitas vezes, nas atividades que deixamos de fazer. O momento da aposentaria, portanto, diz de uma importante alteração, em umas das áreas mais significativas da vida de uma pessoa.

 

Por que se preparar para a aposentadoria?

Imagine que após anos de empenho, de aperfeiçoamento e experiência, chega o tempo da aposentadoria. Para muitos, um período esperado e desejado, porém, para outros, esse momento pode se transformar em fonte de sofrimento e adoecimento. Como exemplo, considere um trabalho que demandava dedicação de 40, 60, 80 horas semanais a uma atividade específica, com uma rotina específica e demandava habilidades específicas. Se esta for interrompida repentinamente, sem qualquer preparo, trará um grande impacto à vida do aposentado em variados aspectos.

No âmbito dos relacionamentos, por exemplo, haverá alteração no convívio com aqueles que residem junto ao aposentado, antes restrito aos períodos de descanso, agora possivelmente ampliado pela maior disponibilidade de tempo ocioso. A alteração nesse convívio pode ser positiva, oferecer maior proximidade de pessoas cuja a convivência seja agradável ao indivíduo, porém, também poderá potencializar conflitos já existentes no meio familiar, ao aumentar o contato com situações estressoras nesse ambiente.

Outro exemplo seria o aspecto da saúde. É possível que a interrupção de uma atividade laboral seja positiva, contribua para um menor desgaste da pessoa, antes exposta a elementos nocivos, como insalubridade, estresse e etc. Ao mesmo tempo, também pode servir de elemento precipitador para o surgimento de doenças ligadas ao sedentarismo, ou mesmo a saúde mental, com surgimento de fatores como a sensação de inutilidade, de “desperdíciodas habilidades adquiridas” ao longo dos anos.

A aposentadoria não necessariamente significa o fim do trabalho, mas a possibilidade de mudança no estilo de vida, com liberdade para uma maior dedicação à família, aos amigos, estudos, lazer, ou até mesmo a outras atividades laborais, de forma mais regrada e com um menor nível de exigência sobre ela.

Preparar-se para esse processo tem se mostrado uma prática vantajosa, que reduz consideravelmente o impacto dessa grande mudança na vida do indivíduo, assim como daqueles que com ele convivem. Possibilita uma transição mais saudável e satisfatória para essa nova etapa.

 

Como é o processo de preparação?

Considera-se que a preparação para a aposentadoria é um processo que se inicia anos antes desse evento, com sua conclusão anos após a sua data. Alguns dos principais elementos chamados à reflexão nesse processo seriam:

·        Reflexão da pessoa sobre seu “projeto de vida”, objetivos ainda não alcançados, tarefas e desejos pendentes de realização, definição de metas que irão nortear seu planejamento a partir desse momento;

·        Refletir sobre possíveis alterações nos papéis desempenhados em variadas esferas de sua vida;

·        Reflexão sobre os possíveis impactos nos relacionamentos e como lidar com os mesmos;

·        Avaliação de possíveis cuidados de saúde nessa nova etapa;

·        Avaliação sobre o impacto financeiro da aposentadoria;

É necessário ponderar que a adaptação à aposentadoria depende de diversos fatores, sendo fundamental observar a atitude do trabalhador acerca das possíveis perdas e ganhos dessa transição. Deve-se buscar, por meio do planejamento, identificar e contornar possíveis dificuldades enfrentadas nesse processo, além de potencializar possíveis vantagens, extrair o melhor possível dessa situação.

 

Quanto antes, melhor:

É importante haver tempo para “começar a digerir essas mudanças”, iniciar um processo de readequação da rotina e do ritmo das atividades realizadas, já em consideração aos planejamentos para o pós-aposentadoria.

Em indivíduos considerados “viciados em trabalho”, ou que possuam fatores emocionais atrelados de forma disfuncional à realização das atividades laborais, o processo de adaptação costuma ser mais difícil, delicado e pode ser necessário um acompanhamento profissional especializado de forma mais frequente.

Em suma, o importante é ter atenção à essa transição, que naturalmente fará parte da vida de todos nós, poder se antecipar e se preparar com maior tranquilidade, além de buscar o auxílio de serviços que possam auxiliar nesse processo.





Para orientações mais específicas sobre o tema, o Serviço de Psicologia do SINPRF-MG se encontra disponível através do e-mail psicologia@sinprfmg.org.br, e também pelo telefone (31) 3388-6780, de segunda à sexta-feira, das 8hs às 14hs.



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