Estudo de mortalidade alerta para alta de suicídio entre Policiais Rodoviários Federais

Para abrir o mês do Setembro Amarelo, a FenaPRF analisou o estudo de causa de mortes de PRFs, realizado com dados dos últimos dez anos chamou a atenção para o aumento exponencial do número de suicídios entre policiais rodoviários federais nos últimos anos. O dado, além de assustar, serve como alerta para um maior investimento na saúde mental dos PRFs, que estão expostos a diversos fatores que facilitam e agravam a condição.


Na conclusão do estudo, o PRF W. Marques, responsável pela pesquisa dos dados e atualização constante do estudo, afirma que:


“A causa mortis SUICÍDIO que até 2016 ocupava a quarta posição no total de vitimizações fatais, passou a ocupar a segunda posição no ano de 2020, se considerarmos o espaço amostral 2007 a 2020. O dado é ainda mais preocupante se levarmos em consideração o período compreendido entre os anos de 2017 a janeiro de 2020, tendo em vista que esse índice corresponde a 50% de todas as vitimizações fatais ocorridas com os PRF, sendo deste modo a maior causa de mortes de policiais rodoviários federais na atualidade.”


Há, ainda, o fato de dois suicídios ocorridos nos últimos meses não terem sido contabilizados pelo estudo por enquanto, por serem muito recentes. De acordo com o responsável pela pesquisa, o número é alarmante. “É de suma importância que tanto o Departamento quanto o sistema sindical, adotem políticas públicas de forma institucionalizada voltadas à prevenção do adoecimento mental dos policiais e familiares, tendo em vista que a ansiedade, o estresse pós-traumático e a depressão, podem ter consequências extremamente indesejáveis para os servidores e pra instituição, inclusive em casos mais graves com o resultado morte, através do suicídio”, afirmou W. Marques.


Clique aqui e veja os dados do Estudo


Para o presidente da FenaPRF, o projeto iniciado de maneira dissociada em vários sindicatos estaduais deve ganhar força e estímulo para que haja uma integração e os policiais de todo o Brasil entendam a importância de se cuidar. “Alguns sindicatos iniciaram projetos de apoio psicológico aos policiais, em seus estados. É uma forma de suprir a ausência de políticas públicas sérias, por parte do Poder Público, para apoiar a saúde mental dos nossos policiais. Mas ainda precisamos reforçar e estimular mais estas iniciativas, assim como os próprios policiais precisam passar a buscar ajuda e entender que cuidar da saúde mental é tão importante quanto cuidar da saúde física”, afirmou Dovercino Neto.


Que estudo é esse?

O Estudo de causa de morte dos PRFs foi iniciado como trabalho de conclusão de curso do PRF W. Marques, na especialização em Políticas e Gestão de Segurança Pública pela SENASP/UFBA. Marques deu continuidade ao estudo e faz atualização constante dos dados.


Veja abaixo o que disse o policial rodoviário federal W. Marques sobre a compilação dos dados que ele coletou:


É de suma importância que tanto o Departamento quanto o sistema sindical, adotem políticas públicas de forma institucionalizada voltadas à prevenção do adoecimento mental dos policiais e familiares, tendo em vista que a ansiedade, o estresse pós-traumático e a depressão, podem ter consequências extremamente indesejáveis para os servidores e pra instituição, inclusive em casos mais graves com o resultado morte, através do suicídio.


Por muitas vezes o servidor por si só, não consegue buscar ajuda de um profissional especializado em saúde mental, seja um psicólogo ou até mesmo um psiquiatra, pois devido ao estigma dos policiais serem quase “super-heróis”, “invencíveis”, “inabaláveis” e superiores a tudo e a todos, essa busca em regra é bastante tardia e por vezes a fase do adoecimento é tão avançada que infelizmente não é possível “salvar” a vida deste policial.


Segundo o Ministério da Saúde e a OMS, a depressão ocupa o 1º lugar quando considerado o tempo vivido com incapacitação ao longo da vida (11,9%), depreendendo-se deste modo, que esta incapacitação, não seja benéfica nem para o policial e nem para a instituição que terá o seu efetivo reduzido por um problema “evitável”. Como exemplo, somente este ano, a PRF perdeu 3 policiais que cometeram suicídio.


Pelo que foi dito anteriormente, é possível verificar a relevância da promoção da saúde mental a ser disponibilizada aos servidores pelo seu sistema sindical e Departamento de maneira institucionalizada.


Reprodução Agência FenaPRF

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