Como identificar, na prática, uma pessoa em risco de suicídio?

Anualmente, a partir da campanha Setembro Amarelo, dedicamos o mês ao debate acerca do suicídio, uma questão de saúde crescente em nossa sociedade, porém, de possível prevenção se abordada adequadamente.

Ao contrário do que possam dizer as crenças populares, a grande maioria dos suicídios não ocorrem de forma repentina, mas como consequência de uma série de fatores que se desenvolvem ao longo da vida dos indivíduos, da interação de situações com as próprias características psíquicas destes, seus temores, suas fragilidades, além de possíveis condições patológicas.

Identificar pessoas de nosso convívio que possam se encontrar nessas condições de risco, se mostra como uma importante forma de possibilitar a prestação de suporte de maneira precoce, reduzindo as chances de que o ato se concretize.


Como posso identificar uma pessoa em risco de suicídio?

Em geral, pessoas que realizam tentativas de suicídio tendem a demonstrar a intenção de morrerem em dias/semanas anteriores ao ato. Alguns dos principais sinais possíveis de se observar são:

· Sinais verbais: a presença de discursos que contenham elementos como “estou muito cansado”, “não aguento mais”, “não quero continuar”, “quero morrer”, “quero fugir”, “vou me matar”, costumam não receber a atenção devida no convívio social, muitas vezes vistos como ameaças vazias. Entretanto, em conjunto com outros sintomas, esses sinais podem ser a manifestação de um real desgaste/desespero do indivíduo e comumente observados em pessoas que posteriormente vieram de fato a tentar o autoextermínio;

· Sinais comportamentais: alterações significativas na interação social do indivíduo, com tendência a um maior isolamento, aumento da agressividade, desinteresse na realização de atividades cotidianas (mesmo aquelas anteriormente vistas como prazerosas), assim com alterações significativas no sono e na alimentação, tanto para a falta, quanto para o excesso, podem ser indícios de que algo não vai bem;

 

Outras questões também significativas para identificarmos pessoas em maior risco de suicídio:

· Eventos impactantes recentes: o impacto de fortes eventos desencadeantes, como a perda de um emprego, a perda de um ente querido, o fim de um casamento, que elevam consideravelmente o nível de estresse do indivíduo e podem ser encarados como “a gota d’água”, podem ser o estopim para atitudes impulsivas, como condutas auto lesivas;

· Presença de transtornos mentais: na grande maioria dos casos de tentativas de suicídio, observam-se a presença de transtornos mentais de base. Os transtornos mais comuns dentre os suicidas são: depressão; transtorno bipolar; abuso e dependência de álcool e outras drogas, além de transtornos de personalidade e a esquizofrenia;

· Tentativas prévias de suicídio: pessoas que já possuem histórico de tentativas de suicídio necessitam de uma atenção especial. Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, 50% dos pacientes que concretizaram o autoextermínio já possuíam histórico de tentativas anteriores. Esse público ainda apresentaria cerca de 5 a 6 vezes mais chances de realizar uma tentativa de suicídio, comparado a aqueles sem qualquer antecedente do tipo.

 

Ao identificar uma pessoa conhecida com essas características, o importante é ouvir evitando julgamentos, oferecer apoio e auxiliar que essa pessoa tenha acesso a um serviço de saúde mental o quanto antes. A prevenção é a melhor maneira de combater esse problema.




Em caso de dúvidas, ou necessidade de suporte sobre esta, ou outras questões de saúde mental, entre em contato com o Serviço de Psicologia do SINPRF-MG através do telefone (31)3388-6780 ou envie um e-mail para psicologia@sinprfmg.org.br.

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